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Há alunos que aprendem melhor e mais rápido, simplesmente porque têm «queda» para certas disciplinas. Será mesmo assim? Um grupo de investigadores americanos desafiou esta ideia e deparou-se com resultados surpreendentes.

Já todos nos cruzámos com alguém que parece ter «queda» para a matemática ou um talento natural para aprender línguas. Mas será que estas qualidades aparentes influenciam de forma decisiva a capacidade de aprender e dominar uma determinada área do conhecimento? Se assim for, significa que nem todos podemos aprender o que quisermos. Não parece ser o caso.

Uma investigação recente, publicada na revista científica PNAS, concluiu que, em situações equivalentes e favoráveis, a taxa de aprendizagem dos alunos é muito semelhante entre si – mesmo nos casos em que o ponto de partida é bastante diferente. Esta conclusão é surpreendente e contraria investigações anteriores, que apontavam num sentido contrário.

Até à data, os estudos mais recentes sugeriam que alunos diferentes adquiriam conhecimentos a velocidades distintas. Por esta razão, tudo levava a crer que nem todos seriam capazes de atingir o mesmo nível de proficiência numa determinada disciplina. Mas o grupo de investigação liderado por Kenneth R. Koedinger observou que a taxa de aprendizagem dos alunos se mantinha constante, independentemente das variações de conhecimento prévio e resultados iniciais.

A oportunidade de aprendizagem, a prática estruturada e o conhecimento prévio são os fatores que mais contribuem para a evolução dos alunos.

A taxa de aprendizagem foi calculada através da análise do desempenho de cerca de 7 mil alunos em tarefas de diferentes áreas de conhecimento. Considerou-se que o aluno aprendia sempre que reduzisse a taxa de erro, nas oportunidades sucessivas que lhe eram apresentadas. E verificou-se que, em média, os alunos precisavam de sete oportunidades de correção para atingir um domínio de 80% da componente de conhecimento à qual as tarefas diziam respeito.

De acordo com este estudo, a oportunidade de aprendizagem, a prática estruturada e o conhecimento prévio são os fatores que mais contribuem para a evolução dos alunos. Mas importa notar que, para que a aprendizagem ocorra, são necessárias tarefas bem desenhadas e adaptadas, além de uma garantia de possibilidade de repetição suficiente em contextos variados e de feedback às respostas dos alunos – com instruções explícitas, quando necessárias.

Referência bibliográfica

Koedinger, K., Carvalho, P. F., Liu, R., & McLaughlin, E. A. (2023). An astonishing regularity in student learning rate. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, 120(13). https://doi.org/10.1073/pnas.2221311120

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Iniciativa Educação

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