Um estudo recente indica que os alunos de professores exigentes obtêm maior sucesso a longo prazo. Este foi o resultado a que chegou uma equipa de investigadores de universidades americanas após comparar milhares de alunos e respetivos professores de Matemática ao longo de um período de dez anos. Este resultado contraria o receio de que as expectativas elevadas pudessem fazer os jovens resistirem ou desistirem.
Os padrões de classificação definidos por um professor para as suas turmas são uma das formas pelas quais cada docente pode afetar a aprendizagem dos respetivos alunos. Porém, os efeitos destes padrões nos resultados discentes são pouco estudados.
Para explorar esta questão, três investigadores de universidades americanas — Seth Gershenson, Stephen B. Holt e Adam Tyner — realizaram um estudo longitudinal com recurso a dados administrativos de escolas públicas da Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Estes dados permitiram vincular classificações de disciplina a pares específicos de professor-aluno e a pontuações obtidas por esses mesmos alunos em testes estaduais padronizados de fim de ano, quer em Matemática do 3.º ao 8.º anos de escolaridade, quer em Álgebra I e em Geometria e Álgebra II. Os pesquisadores concentraram-se nos alunos inscritos em Álgebra I do 8.º e do 9.º anos, entre 2006 e 2016, pois eram os anos de escolaridade com mais alunos matriculados. A amostra incluiu mais de 365 mil alunos em quase 27 mil salas de aula e 4455 professores.
As classificações atribuídas aos alunos nas disciplinas pelos respetivos docentes foram cruciais na análise, porque foram usadas para estabelecer os seus padrões de classificação. Após categorizar os docentes em grupos de comparação, variando dos mais «fáceis» aos mais «difíceis», os pesquisadores mapearam as trajetórias dos alunos antes e depois de estudarem Álgebra I, concentrando-se, pois, nos efeitos destes padrões de classificação em três níveis: o desempenho do aluno em Álgebra I, o desempenho do aluno em disciplinas de Matemática subsequentes (ou seja, em Geometria e Álgebra II) e a assiduidade. Analisaram ainda outras informações relativas aos participantes: quanto aos docentes, o género, os anos de experiência, a formação académica e as habilitações para o ensino de Matemática; quanto aos alunos, o género, a situação económica e o desempenho escolar anterior em Matemática e em Inglês.
Os resultados obtidos mostram que os professores com padrões de classificação mais exigentes tiveram efeitos consideráveis, significativos e positivos no desempenho dos alunos quer em Álgebra I, quer em disciplinas de Matemática dos anos seguintes. Os discentes destes professores também foram menos propensos a faltar às aulas. Este efeito ocorreu independentemente dos grupos demográficos, dos tipos de escolas e dos níveis de desempenho. Nenhum aluno pareceu prejudicado, a nenhum nível, por se expor a padrões de notas mais elevados.
Estas descobertas são consistentes com a ideia de que a exposição a elevados padrões de classificação aumenta o esforço do aluno e o envolvimento com a escola, e a mudança vai além da própria disciplina em que o aluno se encontra inscrito. Pelo contrário, padrões mais negligentes, com inflação de notas, diminuiriam o esforço do aluno, ocultando áreas em que os alunos poderiam ainda melhorar, influenciando assim as suas futuras escolhas académicas.
Referência bibliográfica
Gershenson, Seth, Stephen B. Holt, and Adam Tyner. (2022). Making the Grade: The Effect of Teacher Grading Standards on Student Outcomes. (EdWorkingPaper: 22-644). Retrieved from Annenberg Institute at Brown University: https://doi.org/10.26300/3vyr-jy06
AUTOR