Marie Bocquillon, investigadora da Universidade de Mons, explica como organizar o ensino explícito para promover a autonomia dos alunos, em dois vídeos publicados recentemente pela Réseau Canopé, em língua francesa.
Dizer, mostrar e guiar são palavras-chave no ensino explícito. Esta abordagem pedagógica é estruturada em etapas sequenciais e integradas, baseadas nos comportamentos visíveis do professor e dos alunos. Esta abordagem é particularmente eficaz para ensinar nalguns contextos. A sua boa utilização promove a autonomia dos alunos, ao longo da escolaridade, e permite que um grande número de alunos tenha sucesso nas tarefas, independentemente das suas características iniciais.
Marie Bocquillon clarifica as etapas do ensino explícito e como pode ser aplicado em contexto de sala de aula. Esta abordagem pressupõe três fases: a planificação, a interação com os alunos e consolidação.
Em primeiro lugar, o professor deve planificar a atividade, com especial atenção à ordem das tarefas, progredindo do mais simples para o mais complexo. O professor deve controlar o nível de dificuldade de cada tarefa, identificando as ideias principais e os conhecimentos prévios necessários.
Planificada a tarefa, passa-se à fase de interação com os alunos, com três etapas:
Para passar à etapa seguinte, é necessário saber se os alunos estão preparados para fazer as tarefas de modo autónomo. A investigadora sugere que o professor faça um teste formativo, em que apenas os alunos com pelo menos 80% avançam.
1. Modelagem: o professor realiza a tarefa passo-a-passo em frente aos alunos, verbalizando o processo de pensamento e as questões. Apela-se aqui à metacognição, estando o aluno está ativo cognitivamente, integrando a informação que recebe, com o objetivo de adquirir o conhecimento ou comportamento.
2. Prática guiada: os alunos realizam tarefas semelhantes à que o professor efetuou na fase da modelação. Podem fazê-las de formas diferentes: em grupo, realizando a tarefa para a turma, verbalizando os passos e o pensamento ou em pares (ensino recíproco) em que o professor circula pela sala e controla a qualidade do trabalho dos alunos.
Para passar à etapa seguinte, é necessário saber se os alunos estão preparados para fazer as tarefas de modo autónomo. A investigadora sugere que o professor faça um teste formativo, em que apenas os alunos com pelo menos 80% avançam.
3. Prática autónoma: os alunos realizam tarefas semelhantes de modo autónomo. O professor deve verificar correção da realização da tarefa e a compreensão dos alunos, tendo o feedback um papel vital pois os erros são corrigidos no momento em que são feitos.
À medida que o aluno progride nas etapas, o professor deve diminuir o seu apoio. Caso se verifiquem dificuldades nalguma das etapas, deve retroceder-se à anterior.
Por fim, a consolidação é fundamental. Depois da aquisição do conhecimento ou comportamento, é necessário que existam várias ocasiões para a prática e não apenas no final da tarefa ou unidade. O professor deve promover momentos posteriores para retomar estes conteúdos, recorrendo à prática espaçada e cumulativa.
Esta abordagem pode permitir que todos os alunos atinjam a autonomia e o sucesso nas tarefas propostas, uma preocupação ética que deve nortear a ação educativa, salienta a investigadora.
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